Objetivo é preparar os profissionais para a troca de experiências entre brasileiros e guianenses
Com o objetivo de promover a socialização entre profissionais e preparar as ações do programa Escolas Interculturais de Fronteira, desenvolvido pelo Ministério da Educação, a Universidade Federal de Roraima – UFRR promoveu entre os dias 25 e 27 de julho, o primeiro Encontro Internacional de Profissionais da Educação Básica da Fronteira Brasil – Guyana, ocorrido no Centro de Educação – CEDUC, no campus Paricarana.
No programa, unidades de ensino, gestores, professores e estudantes desenvolveram estudos, pesquisas e atividades envolvendo as línguas comuns na fronteira, história, geografia, cultura, esportes e datas cívicas. O intercâmbio é feito no formato “cruze”, em que o professor atravessa a fronteira uma ou duas vezes por semana para trabalhar com os estudantes do outro país. Participaram do evento profissionais das escolas Aldébaro José Alcântara, do município de Bonfim, e Saint Ignatius, de Lethem, na Guiana.
De acordo com um dos coordenadores do programa, Flávio Lirio, a intenção é proporcionar um intercâmbio cultural entre os países fronteiriços. “Teremos professores guianeses atuando em Bonfim e profissionais brasileiros lecionando na escola de Lethem”. Para o desenvolvimento do Programa, durante o evento foi oferecido curso de português introdutório para os professores estrangeiros, e inglês introdutório para os professores de Bonfim.
Em agosto, ocorrerá um novo encontro; desta vez, para organizar o planejamento e estratégias para a execução do programa, que será a fase de intervenção. Já existe parceria com a Venezuela e proposta de levar o programa para o Suriname. Dessa forma, serão estimuladas atividades relacionadas com pesquisa sobre histórias de vida, registros de saberes e fazeres relacionados com o patrimônio imaterial de ambas as cidades, além de promover atividades de educação patrimonial baseadas no patrimônio cultural comum da fronteira.
A professora guianense Yvette Aicher, que faz parte do grupo de profissionais envolvidos na execução do programa, está muito confiante. “Esse projeto já tem um tempo de atuação e é muito interessante porque envolve culturas diferentes e, sobretudo, a discussão dessas diferenças culturais e como isso será trabalhado nas escolas”, destacou a profissional ao afirmar que está empolgada para trabalhar com alunos brasileiros e aprender a língua portuguesa.
DESAFIO - Já Marliete dos Santos, educadora brasileira, garante que as semelhanças e as diferenças culturais, sociais, os rituais escolares e a estrutura dos sistemas educacionais colocam um grande desafio para todos. “Temos o desafio de desenvolver um trabalho em conjunto. Inclusive, é necessário trabalhar a negociação e a superação de conflitos advindos das tradições e os rituais escolares, que podem ser muito distintos entre si”.
Atualmente, o Programa é desenvolvido em cidades brasileiras da faixa de fronteira e em suas respectivas cidades gêmeas de países que fazem fronteira com o Brasil, envolvendo treze escolas brasileiras e treze escolas nos demais países envolvidos. “Seu objetivo superior é promover a integração regional por meio da educação intercultural, considerando contextos multilíngues ou bilíngues existentes nas fronteiras e tendo, como consequência, a ampliação das oportunidades do aprendizado das línguas em uso e trocas culturais”, conclui Lírio.

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